Passarinho de asa quebrada,
gorjeava muita desilusão: era
medo da morte, era maldição,
nem via noite, terna e enluarada,
envolvê-lo nos braços tal abraço
de mulher há muito tempo amada e
pela escuridão, em vales, esquecida
e que aguarda só a luz da alvorada
para desenhar púrpuras paisagens
na rota que, ao corpo, se agrega
e tem a cor que se quiser imprimir.
E o sal da terra restituirá, ao dorso,
a asa de um tempo brando, para
agasalhar a decantada humanidade.
Ana Lúcia Franco, 2007
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