quinta-feira, 22 de maio de 2014

Cenouras e a arte da visão




Este blog é assim. Passa muito tempo sem ser lembrando. Quando é, busco fontes de inspiração para escrever um pouco aqui. Minhas fontes de inspiração são uma síntese dos que me visitam, de quem eu visito, cada vez mais raramente. Fico surpresa porque o blog é visitado mesmo inerte. Incrível. Penso que é incrível alguém visitar um blog inerte. Mas visitam.

Pois bem, hoje abordarei uma dualidade: visão e cegueira, que tal? Não o sentido físico propriamente, e sim a visão de que trata, sutilmente, o Ensaio Sobre a Cegueira, do Saramago. 

No livro, e sempre, ver, mais do que um dos cinco sentidos, é uma condição existencial. Creio que quanto mais vemos, mais podemos existir em níveis mais profundos e satisfatórios. Cegueira denota insatisfação. Há tanta insatisfação por aí. O que faz pessoas se viciarem nas mais diversas coisas. Desde internet a comida. Desde relacionamentos a uma gama significativa de obsessões e coisas do tipo. Tudo por causa da cegueira, incapacidade de ver o que realmente faz sentido, satisfaz, nutre. O que pode, realmente, fazer com que a vida aconteça. Cegueira pode ser a incapacidade de viver a própria viva. A cegueira pode estar tão arraigada que há a tentativa de revertê-la com dogmas (esotéricos ou filosóficos ou de qualquer outra ordem) distantes da própria realidade. Exemplo, não é simplesmente “matar a mente” que adianta. Uma tentativa desta qualidade pode agravar questões escusas, não vistas, “cegas”. A cegueira das cegueiras talvez seja a inveja, a cegueira em relação ao próprio valor, às próprias capacidades. 

Abrir o olho é sempre uma boa pedida. 

Ver é também uma arte. Uma postura, corporal até. Vemos com o corpo todo, quem sabe. Um antídoto eficaz contra a cegueira pode ser uma boa reprogramação postural global. Nada de alternativas bizarras. Nada feito sem antes lidar com o básico: a reprogramação postural global. Um bom profissional da área médica (e não esotérica) pode ajudar, sem cobrar tanto. 

Ver é romper casulos. Esgarçar celas. Superar-se. Livrar-se do complexo Peter Pan e Fada Sininho, que acometem minha geração. Num livro do Dr. Gabriel Cousens, li que o autor da fábula Peter Pan, J.M. Barrie, desligou sua expressão fenotípica de amadurecimento em razão de um trauma: a morte do seu irmão. Semelhante ao personagem que criou, jamais amadureceu. Segundo dados do livro, Barrie morreu aos 60 anos, tinha menos de 1 metro e meio de altura e nunca ultrapassou a puberdade física. Esse bloqueio fenotípico pode ocorrer não só a nível físico, claro. Mais comum a nível emocional. De qualquer modo, não amadurecer é resultado de algum trauma. Nada que uma boa visão não resolva. Reparem que a raiz daninha é a mesma: cegueira (da alma). Cegueira pode ser também a incapacidade de lidar com o momento exato do bloqueio. Do trauma que faz algumas pessoas, por exemplo, serem eternamente fãs da Xuxa; espera-se delas, a qualquer momento, um: “beijinho, beijinho, tchau tchau”. Conheci uma senhora assim semana passada. Com mais de 50 anos é uma menina. Olhando bem dá para ver o adulto dentro dela que nunca aconteceu, sofrendo muito. 

Claro, eternas crianças são, basicamente, sofredoras. Sim, passam a vida a buscarem a cura para um mal que desconhecem a raiz (por cegueira). Também por isso gostam tanto de chamarem a atenção e enquanto não atendemos ao chamado, não aquietam. Pessoas que congelam a programação natural, biológica ou psíquica, do amadurecimento podem ser extenuantes. Querem controlar tudo, a própria vida, a dos outros; em geral falam muito, são nervosas, discutem o que não é para ser discutido: relação afetiva, por exemplo, isso quando chegam a ter alguma relação de verdade. Nada que um pouco de honestidade e visão não resolva. Buscar a resposta à pergunta: onde congelei? Porque congelei? Meio caminho andado para que as respostas comecem a surgir. 

Ver é um “fiat lux”. Faça luz bastante para descongelar e para que enfim se possa viver e usufruir todas as fases (com suas dores e delícias) de uma condição (imprescindivelmente) humana e terrena. Há quem não avalie o quanto isso é importante. O quanto é importante ver para resgatar o próprio tempo, a própria idade, a própria vida. 

Ver é base. Cegueira é falta de base. Nada que a natureza, a terra não resolvam. 

Vitamina “A” na veia. Uma boa fonte de vitamina “A” é justo a cenoura. Nada de cenoura cozidinha. Cruinha mesmo. Cenoura cozida é tóxica. Cenoura crua é remédio. Não tem jeito. Estamos mesmo imersos na dualidade e somos chamados, todo momento, a discernir, a escolher, em última análise, a ver corretamente. Veneno ou remédio? Você decide, ora. 

Consumo cenoura sem fibras, só os nutracêuticos que vão diretamente para a mitocôndria, no núcleo da célula. Remédio puro. Suco não leva nada de água, feito no juicer. Se não tiver juicer, só bater no liquidificador com o mínimo de água e coar. No juicer, é preciso várias cenouras pequenas para encher meio copo. O que é suficiente no decorrer do dia. Não tomo o suco de uma vez, mas a colheradas, várias vezes ao dia, como se fosse xarope. Ah, se o lance é um copão de suco, aí bato com água ou chá, maçã, gengibre, sem coar para não perder as fibras. Se o lance é remédio vai o extrato do juicer. Disseram-me que não é bom tomar nutracêuticos puros sem precisar, o corpo pode criar resistência. Discordo. Todos precisamos de Vitamina “A” para auxiliar a visão. Todos precisamos ver cada vez melhor. O resultado disso é que meu 1 grau de astigmatismo está melhor. Uso os óculos, algumas vezes, mais por hábito que por necessidade. O lance é forte. 

A natureza é repleta de remédios. A cebola é uma bomba curativa. O abacate é um divino remédio. O alho é um atibiótico natural. E por aí vai. Um universo curativo, adormecido para a maioria da humanidade, pode realmente ser acessado. Está cada vez mais disponível. E pode devolver, entre outras coisas, a visão. Todos os tipos de visão.

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