Poema de Hilda Hilst, do livro Cantares.
O tempo de Hilda Hilst tem fome. O tempo é feroz ao lançar no nada o que foram geometrias de luz. "Volúpia e esquecimento". O que está além do tempo (haverá?!) pode suplantar a dicotomia. O tempo tanto pode dar quanto retirar, e nesse movimento é sábio e feroz.
O Tempo e sua fome.
Volúpia e Esquecimento
Sobre os arcos da vida.
Rigor sobre o nosso momento.
O Tempo e sua mandíbula.
Musgo e furor
Sobre os nossos altares.
Um dia, geometrias de luz.
Mais um dia nada somos.
Tempo e humildade.
Nossos nomes. Carne.
Devora-me, meu ódio-amor,
Sob o clarão cruel das despedidas.
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