terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Brasília, Carnaval e Vitor Hugo

De Brasília, vi levas de parentes e amigos se mudarem para o Rio de Janeiro e São Paulo, como se na capital tivesse, recôndito, algum bicho papão que todos viam, menos eu. Permaneci em Brasília, o que é incompreensível para mim, até certo ponto. E não perdi o contato com os que foram, estamos em época de comunicação fácil por meio da internet. 

Uns vão outros vêm. Vou ficando. O que parece não mudar é minha relação com a cidade. Gosto de Brasília por algumas peculiaridades: em época de carnaval,  a cidade me faz esquecer de que é carnaval. Não que eu tenha algo contra a festa, considero bacana para quem gosta. Para quem não gosta, melhor se desviar de grandes centros carnavalescos. 

Em Brasília não há a necessidade de se refugiar do carnaval. A cidade, em si, é um refúgio. Salvo alguns focos carnavalescos cada ano mais pálidos, nem se percebe que é carnaval. No período, prefiro estar em Brasília, não viajo. 

Aproveito para colocar coisas em dia: leituras, escrita, filmes, etc.  Tenho lido dois livros ao mesmo tempo. Um pouco de Dostoiévski. Quanto a filmes,  assisti ao aclamado Os Miseráveis, baseado na obra homônima do escritor francês Vitor Hugo. Por pouco não assistiriamos ao filme. 

Ontem, chegamos ao CasaPark meia hora antes de começar a sessão das 18:00. Lotada. A próxima seria às 21:00. Hum, Brasília lotando cinema no carnaval. Antes, nesta época, havia uma debanda da cidade, viam-se poucas pessoas onde quer que fosse. Seguimos para mais dois locais onde poderíamos assistir a esse filme. Conseguimos assisti-lo no terceiro local. Sessão de 20:50. Ah, poderíamos ter ficado no CasaPark, gosto da sala de cinema de lá. 

Filme bonito, tocante, no estilo musical.  O melhor de tudo: saí do cinema com vontade de reler Vitor Hugo. Que bacana, olhem. Hoje pela manhã, remexi minhas relíquias, bem poderia encontrar algum exemplar de Os Miseráveis, quem sabe. Encontrei outro livro do Vitor Hugo: Os trabalhadores do mar. 

Li Os Miseráveis na adolescência, não devia ter nem quinze anos de idade. Depois, reli uma vez e a impressão que ficou é a sublimidade da obra, atual em qualquer época. Hollywood que o diga. O livro Os Miseráveis toca no que é humanamente  essencial. Nossas questões morais e existenciais parecem não mudar de um contexto histórico para outro. Livro pleno de poesia, que respingou no roteiro do filme, em proporções bem menores, claro. Tem um cunho espírita, também. 

O filme, bem, apesar da grandiosidade da fotografia, das atuações, dos aparatos técnicos, é só  uma cópia pálida da emoção que é ler a obra de Vitor Hugo.  Descobri que a editora Martin Claret está reeditando Os Miseráveis, obra completa, e a livraria cultura a estará disponibilizando a partir do dia 26/02. Para quem não lê no original, fica a dica.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, Lúcia!

Ótimo retiro intelectual, preferiste.

Filho do cerrado, compartilho tua opção.

Ana Lucia Franco disse...

Filhos do cerrado somos, Will, com isso meio que colado n'alma.