segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Exílio


Poema de Mariana Ianelli, do livro Treva Alvorada


Este, o mais saturnino de todos. Saturno é Cronos, o Senhor do Tempo, que traz a "necessária mortalidade das coisas".  Ilusões podem se renovar mas não resistem ao tempo e seu inexorável curso "que tudo tira, e o medo". 

Sol de novembro.
Tiraram-me tudo e o medo.
De corpo inteiro menor
E já o meu inferno é pequeno.

Roteiros não fazem mais sentido,

Suprir as reservas, apenas as de sono.

Como os dias são largos!

Abaixo os castelos,
Abaixo os andores.

Eu que ficava para não esquecer.

Que ultrapassava a montanha.
Eu que decantava o pó
Para trazer os vapores à tona.

Eu, a quem faltava uma seta

E sobravam direções.

Mas isso foi ontem e há muito tempo,

Quando não palpitava ainda
A necessária mortalidade das coisas.

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