segunda-feira, 8 de abril de 2013

Senhora..

Peço-te perdão, Senhora,
o pediria a todas as pedras
em que pelo acaso, pelo tempo,
pela vontade férrea de domar 
o destino - ou a secura atávica
dos dias - se esculpiram flores
túrgidas da mais fina poesia

liras esvoaçadas a capturar ventos
contrários e transformá-los em
cantos tão puros.

Perdôo-te o baque delicado
do teu verbo na minha
indomável idade.

Lendo-te, peço-te perdão,
eu que nasci flor e quase
me perco na tempestade
e quase seco antes da hora
e quase me espalho no dorso
mais perigoso do jardim,
ferida por meus próprios
espinhos.

Ajudaste-me a sobreviver,
saiba.

Ensinaste-me lições,
ouça.

Sei que nos comunicamos
de muitos modos e nem
precisaria te pedir, mas
perdoa-me.

Ana Lúcia Franco, 2013

2 comentários:

António Eduardo Lico disse...

Bela poesia.
Boa semana.

Anônimo disse...

Fato, nao precisa.