Peço-te perdão, Senhora,
o pediria a todas as pedras
em que pelo acaso, pelo tempo,
pela vontade férrea de domar
o destino - ou a secura atávica
dos dias - se esculpiram flores
túrgidas da mais fina poesia
liras esvoaçadas a capturar ventos
contrários e transformá-los em
cantos tão puros.
Perdôo-te o baque delicado
do teu verbo na minha
indomável idade.
Lendo-te, peço-te perdão,
eu que nasci flor e quase
me perco na tempestade
e quase seco antes da hora
e quase me espalho no dorso
mais perigoso do jardim,
ferida por meus próprios
espinhos.
Ajudaste-me a sobreviver,
saiba.
Ensinaste-me lições,
ouça.
Sei que nos comunicamos
de muitos modos e nem
precisaria te pedir, mas
perdoa-me.
Ana Lúcia Franco, 2013
2 comentários:
Bela poesia.
Boa semana.
Fato, nao precisa.
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