"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?" . Mateus 7:3.
Esperava que lhe retirassem, dos olhos,
travas doloridas, ignoradas na flor
da idade
e que agora - no crepúsculo -
doíam, a sinalizar o amor não
vivido
esperava que algum ressurrecto outrora desdenhado
surgisse caminhando sobre as águas -
ele que em nada cria.
O amor não vivido era um pântano,
as travas alheias, com que se regozijava,
pareciam resumidas a uma única, agora,
no próprio corpo.
Contava com a misericórdia alheia, diante
da revelação crepuscular; emergia o âmago
da mesquinha existência: a loucura das travas
(em si) jamais reconhecidas
a falsidade do amor de quem não se ama.
Ana Lúcia Franco, 2013
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