Não é mãe e filho
nem mulher e amante
uma bruxa com seu demônio
é sempre
uma bruxa e seu íncubo
súcubo
e algo está (ir)remediavelmente
vendido
o ar é rarefeito viciante
ainda que risos ecoem:
risos de condenadas que
entregam de bom grado
o pescoço ao alfanje
os punhos às algemas
as pernas ao gládio
depois cantam como se
sorrissem, mas é um
riso sujo um riso falso
claustrofóbico
uma bruxa e seu demônio
é sempre uma bruxa e
seu demônio
e algo está (ir)remdiavelmente
maculado impuro sujo, ainda que
sóis se levantem e auroras lancem
seus mantos sobre sonhos nefastos
que singram o funesto leito onde
bruxas insaciáveis copulam (com seu
demônio) sem nunca gozarem
uma bruxa e seu demônio
é sempre uma bruxa e o
demônio
e borboletas viciadas
simulam voos sem asas
crisálidas nunca
amadurecem
devir(ir)remediável
………
qual o preço do que
não tem preço
o amor não tem preço
mas bruxas entregam
qualquer coisa para
seus demônios
vendem e são vendidas
(fascinadas não amam
fascinadores não são
amados)
e tudo é uma grande mentira
(que importa?)
Ana Lúcia Franco, 2013
Ana Lúcia Franco, 2013
2 comentários:
Um poema extraordinário!
beijinho
Ana, se tu dizes..
beijos..
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