domingo, 11 de agosto de 2013

Proscritos..


                                                                           Standing Witches, Hans Baldung, 1510


Não é mãe e filho
nem mulher e amante

uma bruxa com seu demônio  
                é sempre
uma bruxa e seu íncubo
                súcubo

e algo está (ir)remediavelmente 
                      vendido

o ar é rarefeito viciante
ainda que risos ecoem:

risos de condenadas que
entregam de bom grado
o pescoço ao alfanje
os punhos às algemas
as pernas ao gládio
depois cantam como se 
sorrissem, mas é um
riso sujo um riso falso
         claustrofóbico

uma bruxa e seu demônio
é sempre uma bruxa e 
            seu demônio 

e algo está (ir)remdiavelmente
maculado impuro sujo, ainda que
sóis se levantem e auroras lancem
seus mantos sobre sonhos nefastos
que singram o funesto leito onde
bruxas insaciáveis copulam (com seu
demônio) sem nunca gozarem

uma bruxa e seu demônio
é sempre uma bruxa e o
                demônio

e borboletas viciadas
simulam voos sem asas
crisálidas nunca 
     amadurecem

devir(ir)remediável
              

………

qual o preço do que 
          não tem preço
o amor não tem preço
mas bruxas entregam
qualquer coisa para 
      seus demônios

vendem e são vendidas
(fascinadas não amam
fascinadores não são
              amados)

e tudo é uma grande mentira
(que importa?)

Ana Lúcia Franco, 2013

2 comentários:

Ana Tapadas disse...

Um poema extraordinário!

beijinho

Ana Lucia Franco disse...

Ana, se tu dizes..

beijos..